Excerto: ...tempo!. como os dias se deslisavam então brandos e suaves! como era puro o azul do nosso horisonte, e feliz a nossa existencia, juncada pelas rosas do amor, e matizada de flores, que nos enfeitiçavam a mente enlouquecida pelas larvas da phantasia!. Ás vezes passavamos horas inteiras, um ao pé do outro, sem articularmos uma unica palavra; e, comtudo, os nossos pensamentos pareciam adivinhar-se mutuamente n'aquelles meigos e puros anceios de paz e felicidade. Um dia, lembra-me ainda como se hoje fôra, eram talvez duas horas da madrugada. A lua, aureolada de mystica luz, campeava no seu eterno throno de magia e formosura. Reinava um silencio sepulchral. Apenas se presentia ao longe o grato arroio, serpeando de mansinho por entre as dispersas arvores, de que as folhas se agitavam frouxas, ao perpassar da fresca brisa da madrugada. Senão quando veiu ferir-me o meu ouvido vigilante a voz de Arthur, que me chamava de fóra da porta. Corri a elle, curioso por saber o que se teria passado. Nada me disse. Entrou pensativo. para dentro de casa, e sentou-se melancolico e triste. --Sei quem és, meu amigo; falla francamente, que tens tu, que te aconteceu?. Elle, comtudo, conservava-se silencioso, sem nada me responder. Eu, por mim, julguei prudente não insistir em tão pertinaz proposito, e aguardei melhor ensejo para esse fim, certo de que elle se não recusaria a revelar-me o seu segredo. Após alguns momentos, quando o vi sair, sem proferir sequer uma unica palavra, durante o tempo que ali estivera comigo, tive a fatal idéa de o acreditar demente. Para me certificar, porém, da verdade do facto, resolvi seguil-o a todo o transe, commettendo a discrição de me occultar, o mais cautelosamente possivel, atrás da espessura do arvoredo por onde elle tinha de passar irremediavelmente. Similhante a um reptil, lá me fui arrastando, como pude, por entre o matto e silvedo, que delimitavam o estreito caminho. Foi então, que sua tímida voz, de envolta, com o...
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