A Editora Globo traz de volta ao mercado Molloy, de Samuel Beckett, uma das obras-primas do romance moderno, em tradução exemplar de Ana Helena Souza. O livro contém, ainda, esclarecedor prefácio da tradutora, cronologia da vida do autor e completa bibliografia de sua vasta obra. Molloy (primeira parte da famosa "trilogia do pós-guerra", integrada ainda por Malone morre e O inominável) divide-se em duas seções. Na primeira, é o próprio Molloy, o "narrador-narrado", quem fala; na segunda, é Moran, homem encarregado de vigiá-lo (sem que saiba bem por quê, à la Kafka). A história que os dois - cada um à sua maneira - tentam registrar, é a das idas e vindas de Molloy, num vai-e-vem que alterna lugares abertos e fechados, a partir do apartamento de sua mãe - e que mimetiza os impasses das frases curtas e da própria linguagem, que deveria "abrir" o mundo mas se fecha sobre si mesma. Não por acaso, no caso de Moran, que começa objetivo, isto é, objetivo na linguagem e centrado em seu objeto (Molloy), essa objetividade acaba por perder-se até aproximá-lo da linguagem do próprio Molloy. Não falta ação dramática ao romance, incluindo um caso de amor e um de morte. Mas a verdadeira "ação", tratando-se de Beckett, está na própria linguagem - ainda que seja a de comunicar a incomunicabilidade moderna. "Quebrando as expectativas do leitor e usando um humor que dribla o convencional, Samuel Beckett acaba transformando o romance em território experimental de reflexões sobre a própria natureza da linguagem. "Alécio Cunha - Hoje em Dia, Belo Horizonte, 2 fev. 2008. Cultura, p. 1 "Ao longo de toda esta não-história, deste não-tempo, destes não-personagens, seguimos a potência da expressão da impossibilidade e a ausência absoluta de algo a expressar, ao mesmo tempo que a urgência de dizê-lo. "Noemi Jaffe - Folha de S. Paulo, 2 fev. 2008. Ilustrada, p. E1 e E7. "É do ponto zero, onde narrar se torna impossível, que Samuel Beckett escreve Molloy[...]
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